Dias atrás, passeando com os meninos pela borda do lago, me deparei com uma cena inusitada: um pai vestido em um belo terno e a filha passeando também, como os meus meninos, de patinete. De repente, quando o pai ameaça ir embora, a menina se joga no chão e começa a "tal da birra". O pai, talvez cansado, permaneceu olhando pra ela e tentou repreender aquele comportamento e nada...
De repente, o pai simplesmente deitou no chão ( de TER-NO, Oi Burnout, a gente vê por aqui)) e começou a fazer como a filha, se jogou no chão e "birrou" total. Gente!! Até eu comecei a rir da cena!! A menina olhou para o pai e logo levantou. Envergonhada, ficou olhando para os lados para ver se outras pessoas viam a atitude dele. Ela cruzou os bracinhos e continuou com um beicinho tímido que ainda denotava um resquício da birra... mas parou o escândalo que estava fazendo.
Quando o pai percebeu que ela havia parado, ele simplesmente sentou no chão (de TER-NO) e conversou com ela sobre sua atitude e logo após a conversa, ele se levantou e os dois foram embora sem mais problemas. Bem, sem problemas que nada, e o terno? Desfiou foi todo...
E eu sei bem o que significa esta palavra:
BIRRA
"Jobim" é leonino, brabo que só ele, mas se você consegue ganhar este coração... pronto: vira logo a barriguinha pra coçar. É manhoso, carinhoso, ai, ai, um amor que só. Mãsssssss, seus momentos de fúria são gloriosos e quando existiam as birras então, uiiii, o bicho pegava. (veja bem... existiam, uffa!!!)
Bem no começo, Jobim tinha um hábito estranho. Com quase três anos, se não gostasse da comida, pimba!! Lá ia um prato para o alto e comida também, claro! Se frustrado, gritava, ou melhor, berrava muito alto, mas muito alto mesmo e seu choro era daqueles fortes, estrondosos.
Eu me lembro de várias birras, tanto em casa, como nas ruas. Elas eram homéricas e causavam em mim uma espécie de sentimento que digamos assim... não eram nada bons de sentir.
Um dia, durante um passeio, ele começou a chorar muito pois ele queria ficar perto de uma área reservada a alguns artistas de rua e nós precisávamos nos retirar. Apesar de explicarmos o motivo, aquilo não era claro pra ele e a birra então, começou.
O primeiro passo foi ignorar. Continuamos andando calmamente (eu, meus pais e "Tom") e ao ver que ele não nos acompanhava, paramos. Ele continuava enlouquecidamente a gritar. Então, passou um senhor, daqueles bem broncos e soltou um: "Xiiiiiiiiiiiiiiiii" bem alto à ele. Nossa, eu não sabia se ria ou se chorava.
E nada... Ele não parava com a gritaria.
E assim fomos, durante alguns meses ainda, na tentativa de ignorar e parar com aquele comportamento.
Então,
uma pessoa da família, muito querida, pediatra, que estava conosco na Noruega por uns dias, viu algumas dessas cenas e nos deu uma dica preciosa: Assim que a birra começar, sentá-lo em um canto pra acalmar o coração, por apenas três minutos, ou melhor, um minuto por idade e retirar logo que parar, ou seja, mostrar que o esforço dele valerá a pena.
Claro que no início ele levantava, me batia, não queria ficar e berrava ainda mais, e toda vez que o fazia, eu o colocava novamente. Um dia, ao deixá-lo para acalmar o coração, ele chorava de um jeito tão cruel, que eu mesma achei que estavam fazendo algo com ele e esta pessoa me segurou e me acalmou, pois na verdade eu mesma o queria tirar de lá. Eita fase difícil esta, heim?
Voilà,
Assim o fizemos por um bom tempo. E quando ele parava de chorar, nós o retirávamos e dávamos os parabéns pelo feito. Incrível gente, mas funcionou e muito!! Ele era terrível de brabo e quem o conhece hoje jamais imagina uma cena destas e também acontece com que viu o começo e vê agora. Ficam pasmos.
Mas, como a maioria das mães... aqui vai um segredinho inconfessável: (Não conte a ninguém, hã?)
Um dia, na casa de uma amiga, ele deu tabefe no amiguinho e eu, claro, além das desculpas, o coloquei para acalmar o coração lá no quarto onde brincavam mesmo. Mas... conversa vai e conversa vem com outras mamães, a mãe aqui esqueceu de liberá-lo para a farra novamente e... ele ficou uns quinze minutos lá, esperando, acalmando o coração... ôoo dó... mas depois, eu pedi desculpas pra ele pela falha nossa e ficou tudo bem, afinal,
mãe também erra, né?
Ou não???
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Vamos acalmar o coração... mamãe?
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